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Não faz muito tempo. Dizia
que o Brasil era um "país jovem", boa parte de sua população tinha
menos de 30 anos de idade. No entanto, uma rápida mudança vem ocorrendo nos
últimos anos, tanto no Brasil, como no mundo em geral. O numero de idosos
(pessoas acima de 65 anos de idade, a chamada terceira idade) vem crescendo
rapidamente na população. No Brasil havia cerca de 10 milhões em 1990; esse
numero deve chegar a 15 milhões no ano 2000 e 34 milhões em 2025.
Entre as principais doenças
mentais que atingem os idosos está a depressão. É uma doença freqüente em todas
as fases da vida, estimando-se que cerca de 15% dos idosos apresentem alguns
sintomas depressivos e cerca de 2% tenham depressão grave. Esses números são
ainda maiores entre os idosos internados em asilos ou hospitais.
Depressão não é apenas uma
tristeza passageira, diante de um fato adverso da vida. A pessoa apresenta uma
tristeza profunda e duradoura, acompanhada de desânimo, apatia, desinteresse,
impossibilidade de desfrutar dos prazeres da vida. Não se interessa pelas
atividades diárias, não dorme bem, não tem apetite, muitas vezes tem queixas
vagas como fadiga, dores nas costas ou na cabeça. Aparecem pensamentos
"ruins", como idéias de culpa, inutilidade, desesperança; nos casos
mais graves podem ocorrer idéias de suicídio.
As causas da depressão são
desconhecidas. Acredita-se que vários fatores - biológicos, psicológicos e
sociais - atuando concomitantemente levem à doença. Fatores biológicos, como a
presença de depressão em outros membros da família podem ser considerados predisponentes,
enquanto fatores psicológicos e sociais, por exemplo, perda de um ente querido,
perda de suporte social, podem desencadear um episódio de depressão. Sabe-se
que na depressão há alterações no equilíbrio dos sistemas químicos do cérebro,
principalmente nos neurotransmissores noradrenalina e serotonina.
O reconhecimento da
depressão no idoso muitas vezes é difícil. Preconceitos em relação à velhice e
às doenças mentais dificultam o acesso dos pacientes a um tratamento adequado.
Existe a idéia bastante arraigada de que a depressão é um fato
"normal" na velhice. Não é! O idoso não precisa ser necessariamente
triste. Quando alguém fica desanimado e triste por algumas semanas é preciso
levá-lo a um psiquiatra, para uma avaliação especializada, pois pode estar
sofrendo de depressão. Muitas pessoas ainda ficam constrangidas de procurar o
psiquiatra, diante da idéia de terem uma doença mental. Por causa desses
preconceitos, estima-se que cerca de metade dos pacientes deprimidos fiquem sem
diagnóstico e tratamento adequados.
A depressão é uma doença
como outra qualquer, cujo tratamento tem sofrido avanços significativos nos
últimos anos. Medicamentos antidepressivos, que atuam nos neurotransmissores
permitem uma recuperação do equilíbrio químico do cérebro, com a melhora dos
sintomas da depressão. Essa recuperação demora algumas semanas, durante as
quais o apoio dos familiares é também fundamental. O acompanhamento
psicoterápico permite uma complementação do tratamento medicamentoso,
propiciando a recuperação da qualidade de vida do idoso.
Autor: Prof. Dr. Mario Rodrigues Louzã Neto
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