Em
10 anos, a incidência de aids na população com mais de 60 anos teve um aumento
de 50%, segundo o Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde. Esse
número não chega a surpreender, uma vez que a chamada terceira idade possui
hoje maior expectativa de vida e é mais ativa sexualmente do que a de décadas
passadas. Porém, um dado chama a atenção: a maioria das pessoas idosas é
diagnosticada com HIV/aids tardiamente, quando a doença já está instalada. E
dessas, 37% morrem um mês após o diagnóstico.
“O
diagnóstico da aids na população idosa é muitas vezes dificultado porque tanto
o idoso quanto seus familiares e profissionais de saúde tendem a não cogitar a
possibilidade de aids nessa faixa etária”, afirma Mariângela Simão, diretora do
Programa Nacional de DST e Aids. “O acolhimento da pessoa idosa pela equipe de
saúde assume um papel de grande importância, tanto no reconhecimento de casos
vulneráveis, como para delinear e acompanhar um plano terapêutico, levando em
conta outras doenças associadas”, explica a diretora do PNDST/Aids, que este
ano definiu como tema da Campanha de 1º de dezembro a aids na terceira idade.
Fonte:
www.http://aconteceunovale.com.br/
Acompanhamento
cuidadoso
O
Programa Nacional de DST e Aids recomenda que o tratamento do idoso seja sempre
interdisciplinar, incluindo geriatria, psicologia, serviço social, enfermagem,
farmácia, fisioterapia e nutrição, entre outros. “Precisamos estimular o
paciente a seguir o tratamento, adequando-o às atividades diárias. E reconhecer
os idosos como sujeitos aptos a cuidar de sua saúde, sem infantilizá-los”, diz
Mariângela Simão. Ela sugere que os profissionais de saúde, em função das
dificuldades de visão dos idosos, usem letras de tamanho visível, de
preferência de fôrma, nas prescrições, e, sempre que necessário, encaminhem o
paciente para avaliação oftalmológica. E mais: “Por conta das falhas de
memória, o profissional deve verificar se as informações foram bem apreendidas
e sugerir estratégias que minimizem possíveis esquecimentos no uso da
medicação, como despertadores, lembretes com bips no celular e tabelas com
horários e doses”, aconselha.
Exames
mais freqüentes
A
psicóloga Marlene Zornitta que trabalha no Hospital da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) e acaba de concluir dissertação de mestrado sobre o tema,
alerta os médicos sobre as implicações clínicas que podem surgir com a escolha
dos anti-retrovirais. “Os idosos podem sofrer de doenças pré-existentes e
comorbidades clínicas, sem falar dos para-efeitos da medicação, que costumam
ser mais intensos em pacientes com mais de 60 anos. Além disso, é preciso estar
atento às interações farmacológicas entre os ARVs e os outros medicamentos
utilizados”, ressalta a psicóloga.
O
fato é que muitas doenças típicas do envelhecimento, como as infecções
respiratórias e o comprometimento neurológico, também são comuns em pacientes
com HIV, condoença fundindo o profissional de saúde e dificultando o
diagnóstico. “É importante oferecermos um atendimento diferenciado para esta
população, com uma maior interação com a geriatria e a clínica geral e exames
mais freqüentes, uma vez que as infecções nessa faixa etária tendem a se
desenvolver com maior velocidade”, sugere Valéria Ribeiro Gomes, infectologista
do Hospital da UFRJ e do Hospital Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ)
Preconceito
prejudica o tratamento
Outro
reflexo da infecção pelo HIV que é potencializado em pessoas com mais de 60
anos é o preconceito. “Os sentimentos de culpa e vergonha surgem com mais
intensidade nessas pessoas, uma vez que são percebidas como ‘assexuadas’ pela
população e pelos profissionais de saúde. Muitos optam por esconder acondoença
até das pessoas mais próximas. A relação médico-paciente, bem como o suporte da
equipe que o atende, são fundamentais ao sucesso do tratamento”, explica a
psicóloga Marlene Zornitta. “Temos que tentar trazer a família para perto,
desde que o paciente concorde”, completa a infectologista Valéria Ribeiro
Gomes.
Estímulo
ao uso do preservativo
Dados
de uma pesquisa de 2005 revelam que apenas 37,5% das pessoas acima de 50 anos
usam preservativos com parceiros eventuais. “Precisamos estimular mais o uso de
preservativos nesta população, que está cada vez mais sexualmente ativa. O
acesso às informações específicas para pessoas mais velhas vai tornar as
escolhas possíveis (usar o preservativo, se cuidar ou correr o risco). O não
acesso às informações representa uma privação de liberdade substantiva”, afirma
Marlene Zornitta. “Sabemos que as pessoas que hoje estão na terceira idade
iniciaram sua vida sexual num contexto em que não existia a aids e, por isso,
não se reconhecem como um grupo vulnerável ao HIV. Estimular o uso de
preservativos é a única forma de minimizarmos o impacto da aids nesta população”,
conclui Mariângela Simão, do PNDST/Aids
Fonte:
http://saberviver.org.br/
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